segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Carta aos Viajantes

Prezados viajantes,

As bactérias resistentes tornaram-se um novo, indesejável e indigesto passageiro em nossas viagens. A identificação da presença da bactéria Escherichia coli em 44 de 100 viajantes suecos que retornaram ao seu país demonstra a relevância do problema. A maioria deles apresentava a bactéria no intestino. O problema é que estas bactérias apresentavam vários mecanismos de resistência e os viajantes permaneceram colonizados por até seis meses. Um dos principais fatores de risco para a identificação da bactéria era o viajante ter ido à India. Provavelmente a aquisição da bactéria tenha ocorrido através da ingestão de alimentos contaminados.

Outra publicação também referente a aquisição de bactérias resistentes chamou a atenção da opinião pública: a disseminação de um novo mecanismo de resistência, a NDM-1 (New Delli Metallo-beta-lactamase) identificado em pacientes que haviam realizado procedimentos médicos na India e Paquistão em Agosto de 2010. Estima-se que o turismo médico na India atenda em torno de 450.000 pacientes, movimentando cerca de 2 bilhões de dólares-ano. As evidências apontam para a disseminação desta resistência  para vários outros países como Austrália, Áustria, Canadá, Bélgica, França, Alemanha, China, Japão, Holanda, Noruega, Suécia, Singapura, Taiwan, Reino Unido e Estados Unidos.

À semelhança da nossa KPC (Klebsiella produtora de carbapenemase) a presença de  NDM-1, confere resistência a quase todos antibióticos disponíveis, mas a resistência por NDM-1 parece se disseminar mais rapidamente que a KPC.

Desta forma, além de cuidados com vacinas, repelentes, mosquiteiros, uso de medicamentos profiláticos, em nossas viagens temos que ter também especial cuidado com as bactérias resistentes. Não há nada como visitar lugares novos, conhecer outras culturas e pessoas, provar novos sabores, mas um planejamento prévio evita dissabores durante ou no retorno de uma viagem.

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